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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ano Novo


Votos de um fantástico Ano Novo de 2010!




Crédito da Imagem: Luís Lobo Henriques

Os Museus da RPM e a Web

A Rede Portuguesa de Museus (RPM), compreende 125 museus, de diversas tutelas - Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), Direcção Regional de Cultura dos Açores (DRC dos Açores), Direcção dos Assuntos Culturais da Madeira (DRAC da Madeira), Administração Central e Local, Empresas Públicas, Associações, Fundações, Igreja Católica e Misericórdias.

Depois de anos de imobilidade, finalmente os museus portugueses constantes na Rede Portuguesa de Museus vão, a pouco e pouco, apresentando páginas próprias na internet, na maioria apresentando um design elegante, muita informação e interactividade crescentes, que convidam à visita e ao aplauso.

Aqui ficam alguns bons exemplos de páginas de Museus da RPM (clicar nas imagens) que se espera que continuem sempre a evoluir e a surpreender:

IMC
Museu Nacional de Arte Antiga:

Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea:

Museu Nacional de Soares dos Reis:

Museu Nacional de Arqueologia:

Museu Nacional de Machado de Castro:

Museu Nacional do Teatro:


Museu Nacional do Azulejo:


Museu de Alberto Sampaio:

Palácio Nacional de Sintra:

Museus tutelados pela DRC dos Açores

Apenas dois dos museus têm ainda página própria.

Museu Carlos Machado:

Museu de Angra do Heroísmo:



Museus tutelados pela DRAC da Madeira

Vários Museus de grande importância continuam a aguardar página própria - a Casa-Museu Frederico de Freitas, o Museu de Arte Contemporânea - Fortaleza de São Tiago, o Museu Etnográfico da Madeira, o Photographia-Museu Vicentes...

Museu Quinta das Cruzes:

Casa Colombo - Museu de Porto Santo

Museus tutelados pela Administração Central

Tanto o Museu do Ar como o Museu Geológico ou o Museu Nogueira da Silva, possuem páginas próprias.

No entanto, a mais bem concebida e mais completa é sem dúvida a do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior:

Museus tutelados pela Administração Local

No caso dos museus da RPM, tutelados pela Administração Local, com excepções de mérito, a maioria permanece sem página própria, resignados a um cantinho mais ou menos indiferenciado nas páginas das Câmaras Municipais, dependendo muito da clareza, inteligência e actualização do webdesign destas. Esta negligência pela imagem e potencial turístico dos museus municipais e regionais não contribui para uma maior informação e atracção a esses museus, alguns dos quais belíssimos - como é o caso do Museu de Setúbal - Convento de Jesus, o Museu Arqueológico de São Miguel Odrinhas (com um site não oficial, de poucos recursos), o Museu Romântico da Cidade do Porto ou o Museu Municipal de Amadeu Sousa Cardoso.
Existem outros museus municipais com boas páginas próprias, embora não integrem ainda a RPM, e que constam das referências existentes na coluna direita deste blogue.

Eco-Museu do Seixal:

Museu de Olaria (Barcelos):

Museus tutelados por Empresas Públicas

Museu do Carro Eléctrico (SCTP - Sociedade Colectiva de Transportes do Porto, S.A.):

Museus tutelados por Fundações

A Fundação da Casa de Bragança tem a seu cargo a Biblioteca-Museu da Casa de Bragança, situada no lindíssimo Palácio Ducal de Vila Viçosa - e possui página própria, no entanto, esta precisa de uma actualização urgente do seu webdesign, como se poderá comprovar.

Fundação de Serralves (Porto):

Fundação Portuguesa das Comunicações:

Museu da Fundação Cupertino de Miranda:


Museus tutelados por Associações

Museu Arqueológico do Carmo (Associação dos Arqueólogos Portugueses):

Casa-Museu Abel Salazar (Associação Divulgadora Casa-Museu Abel Salazar/Universidade do Porto):

Museus tutelados pela Igreja Católica

No que se refere aos Museus da RPM tutelados pela Igreja, apenas o Museu Diocesano de Arte Sacra do Funchal possui página própria. Parecem tardar as páginas do Museu de Arte Sacra e Etnologia, do Museu Pio XII, e do Tesouro-Museu da Sé de Braga, este último presente na página da Sé Catedral de Braga, mas sem expressão pessoal.

Museu Diocesano de Arte Sacra do Funchal:

Museus tutelados pela Santa Casa da Misericórdia

Dos dois museus da RPM tutelados pelas Misericórdias, apenas um tem presença online:

Museu de São Roque:

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os Museus e o Natal

Nesta época natalícia, já em vésperas das celebrações de um Novo Ano, existem exposições e museus dedicados ao Natal, online, a visitar.

É o caso da exposição História do Natal, com obras do Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, narrada segundo os Evangelhos de S. Mateus e de S. Lucas, acompanhada de música e coros natalícios medievais.

O site do Weihnachtsmuseum (Museu do Natal), na cidade de Rothenburg ob der Tauben, na Alemanha, encontra-se com facilidade, com as histórias, decorações e personagens alusivas ao Natal, através do tempo.


No Falconer Museum em Moray, Inglaterra, temos a agradável e aromática proposta de apreciarmos as Especiarias do Natal, a sua história, usos culinários e medicinais, os exploradores e as suas rotas comerciais. Uma delícia.

Não é possível deixar de fazer uma visita até ao Museu de Charles Dickens, um dos maiores escritores ingleses e memorável autor dos Contos de Natal que, ainda hoje, nos acompanham nesta quadra festiva. O seu site menciona com orgulho uma colecção de mais de 100.000 objectos, entre raros manuscritos e livros, pinturas e objectos pessoais do escritor, com uma preciosa biblioteca de pesquisa. Pela notícia publicada a 19 de Novembro último, o museu recebeu fundos suficientes do Heritage Lottery Fund, para se reestruturar ("Great Expectations Redevelopment Project") e para se elevar, em breve, como um dos melhores museus britânicos da sua tipologia.

O Heritage Lottery Fund é um Fundo monetário, extraído da Lotaria Nacional Britânica que, através da concessão de Bolsas a Museus, Parques Arqueológicos, Locais e Monumentos Históricos, Ambiente Natural e Tradições Culturais, promove ou contribui, deste modo, para a manutenção, salvaguarda, conservação e valorização do Património Britânico, com apelo à participação voluntária das comunidades locais no trabalho de equipa necessário a cada projecto. Uma valiosíssima iniciativa a seguir, futuramente, também por nós. Vale a pena visitar o seu site.

Por fim, algumas notas: em Portugal, até 30 de Dezembro, ainda é possível as crianças participarem de actividades, visitas, oficinas e jogos das Férias de Natal nos Museus e Palácios do Instituto dos Museus e Conservação. O programa acha-se no site do IMC.

Depois das iniciativas de Natal dos Serviços Educativos da Fundação de Serralves, no Porto, terminadas a 20 de Dezembro, no Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, os Serviços Educativos vêm propor "O Natal no Museu: o sol, a natureza, nós e os outros", em dois módulos: 22 e 23/29 e 30 de Dezembro, actividade para crianças dos 4 aos 12 anos e que depende de marcação prévia.

Imagens:
(1) Adoração dos Pastores, Andrea Mantegna, c.1450 (MetMuseum).
(2) Poster da Exposição Ignorance and Want - The Social Conscience of Charles Dickens (Museu de Charles Dickens).

sábado, 21 de novembro de 2009

Obras de Referência dos Museus da Madeira. 500 Anos de História de um Arquipélago


Na Galeria de Pintura de D. Luís I do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, abriu portas hoje ao público uma exposição de três centenas de obras de pintura, escultura, ourivesaria, cerâmica, mobiliário e fotografia, de grande beleza, provenientes dos museus da Ilha da Madeira, cuja visita se recomenda vivamente.

Clicando-se na imagem ao lado, acede-se ao excelente site desta exposição temporária, que encerrará no dia 28 de Fevereiro de 2010.

Abaixo se reproduz a nota para a imprensa, escrita pelo Dr. Francisco Clode Sousa, um dos Comissários Executivos da Exposição:

"Obras de Referência dos Museus da Madeira

Obras de Referência dos Museus da Madeira foi o título de uma exposição que se integrava no projecto MUSEUMAC-Rede de Museus Madeira-Açores-Canárias, programa de iniciativa comunitária INTERREG III B, inserido no eixo 4 da Valorização e Gestão Sustentada dos Recursos Naturais e Culturais. A medida de actuação incidia no tema da Conservação, Valorização e Gestão Sustentável do Património Cultural que decorreu entre 2006 e 2008.

A actividade principal por nós desenvolvida, foi a exposição Obras de Referência dos Museus da Madeira, inaugurada em Abril de 2008, no Museu de Arte Sacra do Funchal, que reunia peças de Museus ou organismos para-museológicos, da Região Autónoma da Madeira como Museu de Arte Sacra do Funchal, Museu Quinta das Cruzes, Casa-Museu Frederico de Freitas, Museu Henrique e Francisco Franco, Museu A Cidade do Açúcar, Núcleo Museológico do IVBAM, Museu de Arte Contemporânea-Fortaleza de São Tiago, Museu Photographia “Vicentes”, Casa Colombo-Museu do Porto Santo e Núcleo Histórico de Santo Amaro-Torre do Capitão.

Essa exposição teve por objectivo criar um diálogo entre obras de arte, apresentando uma evolução temporal ao longo de quase 600 anos de História, com exemplares existentes nas nossas colecções e que fossem sintomáticos das épocas respectivas.

O título, Obras de Referência dos Museu da Madeira, não queria afirmar, que estas são as obras de referência dos nossos Museus, porque necessariamente existem outras, mas sim, que são emblemáticas das nossas colecções e que apresentam os temas fundamentais, dos nossos conteúdos artísticos.
A Direcção Regional dos Assuntos Culturais, através da Direcção de Serviços de Museus, sempre teve relações de franca colaboração com o Instituto dos Museus e da Conservação, desde há longo tempo. Através da Rede Portuguesa de Museus, os Museus da Madeira são parceiros actuantes dos Museus Nacionais, tendo sido já apoiados em vários campos de colaboração institucional, como a formação profissional e técnica, assim como, apoio para a concretização de projectos de exposições ou de reorganização museológica e museográfica.

Foi assim possível levar a cabo esta ideia de deslocar a Lisboa a exposição inicialmente apresentada no Funchal, devidamente ampliada e enquadrada, pelos novos desafios de espaço, que a Galeria de Pintura do Rei D. Luís I, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, exigia, para além dos naturais reenquadramentos e ponderação dos núcleos temáticos.

Assim, um programa científico que organizou os quase 600 anos de História, sob os seus núcleos fundamentais de desenvolvimento económico, social e cultural, concretizou em termos museológicos uma planificação, que devidamente enquadrada pelos suportes e técnicas da museografia, resultaram numa exposição, que através de obras de arte, se testemunha os contactos estabelecidos com alguns dos mais importantes centros de produção artística portuguesa e europeia.

O Arquipélago da Madeira possui um património artístico muito pouco conhecido a nível nacional, sendo esta exposição uma importante oportunidade de divulgação dessa realidade a um público mais vasto. É aliás, sintomático, que as colecções dos museus regionais reflictam, um percurso de evolução dos principais ciclos da nossa economia e das relações privilegiadas tidas com outras zonas do país, e mesmo afirmem as principais rotas de circulação artística na Europa.

A presença de comerciantes flamengos, a transformação da cidade de Antuérpia, como placa giratória do açúcar madeirense para o norte da Europa, justifica por si só, a existência de um tão importante núcleo de arte flamenga, do primeiro quartel do século XVI, quer na pintura, escultura e ourivesaria, hoje, na sua grande maioria no Museu de Arte Sacra do Funchal, provindas de igrejas e capelas, sobretudo da costa sul da Ilha da Madeira, encomendadas por proprietários de grandes canaviais. A protecção régia, de D. Manuel I, à sua Ilha da Madeira, naturalmente cobrando imposto, é razão para a existência de um conjunto excepcional, que escapou à voragem dos tempos, de ourivesaria manuelina, constituída na sua parte mais simbólica, por ofertas reais à Sé do Funchal.


O ciclo açucareiro permitiu uma abertura ao mundo e à presença de muitos estrangeiros na ilha, que irão moldar desde cedo, um sentido cosmopolita que nos caracterizará. Na Madeira ensaiou-se primeiro Portugal no Atlântico e pôde moldar-se a formação do império português, desde o Brasil, aos outros arquipélagos atlânticos e mesmo no Oriente. Foram os madeirenses e a sua tecnologia açucareira, os responsáveis pelo desenvolvimento da indústria em São Tomé, Antilhas e também no Brasil, para além de terem sido a base de experimentação da estrutura das capitanias, depois aplicadas noutras paragens.

O século de ouro da nossa economia açucareira durou, verdadeiramente pouco e logo na segunda metade do século XVI, começou a sentir-se a crise produtiva e a concorrência do açúcar de outros portos atlânticos. Desde finais do século XVI e por boa parte do século XVII, a crise dinástica e a acelerada queda de Portugal, pelas investidas europeias nos nossos mares, é também um tempo de mudança económica, onde progressivamente se sentirá a substituição do Açúcar pelo Vinho, como referente fundamental para o desenvolvimento da vida insular.

Com madeiras brasileiras construíram-se móveis ao gosto português do século XVII, reaproveitando as maravilhosas tábuas com que se haviam feito caixas para trazer açúcar do Brasil para a Ilha da Madeira, e que alimentavam a nossa indústria de doçaria e frutos cristalizados. Do Museu Quinta das Cruzes, estão presentes, alguns exemplares sintomáticos dos móveis, ditos caixa de açúcar.

Apesar de ser um século de mudanças generalizadas o século XVII começa com o consolidar das defesas militares, agora que nos enquadráramos na grande monarquia ibérica e conquistáramos também novos inimigos. Na Madeira este momento de charneira, entre o esvaziamento do ciclo açucareiro e a emergência do Vinho, está referenciado em exposição por um conjunto muito pouco comum de Ourivesaria Chã, onde um tardo Renascimento e o Maneirismo se confrontaram, no espaço insular, dando origem a uma vitalidade produtiva de grande particularidade no contexto português. Aqui, contrariamente a outras regiões, sobreviveram em quantidade e qualidade, peças, das quais trouxemos uma pequena, mas significativa mostra, da aplicação de motivos e formas que circulavam na Europa, por intermédio de gravuras.

O Arquipélago da Madeira não se encontrava nas rotas marítimas do Oriente português, contrariamente aos Açores, mas foram muitos os madeirenses que participaram na consolidação do império português a Oriente, como o já haviam sido no Norte de África, e trouxeram muitos objectos, que nos chegaram desse encontro cultural, como é o caso do pequeno cofre goês, de tartaruga e prata, do primeiro quartel do século XVI, das colecções da Diocese do Funchal.

No entanto, a Madeira teve ao longo do século XVII, um papel importante no contexto estratégico na navegação atlântica, dos galeões espanhóis de regresso a Sevilha pela Rota de Acapulco, sendo talvez a razão da existência de uma caixa da região de Oaxaca, no México, de meados do século XVII, provinda do fundo antigo do Convento de Santa Clara do Funchal, também nesta mostra.

A produção artística portuguesa ao longo do século XVIII, sobretudo nas artes decorativas, seguirá os modelos do barroco romano, estando presentes em exposição, alguns exemplares notáveis, encomendados aos maiores centros nacionais, como Lisboa, de onde provinham muitas das encomendas regionais.
Os comerciantes europeus, sobretudo ingleses, desde meados do século XVIII na Madeira, atraídos pelo Madeira Wine, em franca expansão, justificam a presença em exposição de algumas obras de enquadramento de época, de mobiliário e artes decorativas inglesas da segunda metade do século XVIII.

Desde meados do século XVII, que se desenhava um influxo produtivo que alterava completamente o sedimento da economia insular, constituindo-se como âncora do segundo, dos nossos ciclos económicos, o da produção e exportação do Vinho Madeira.

Da Europa, em particular de Inglaterra, chegaram também os nossos primeiros turistas, autores de numerosos apontamentos de viagens, por vezes transformados em pinturas, e em álbuns de gravuras, constituindo um poderoso instrumento de apreciação, dos costumes e topografia insulares, mas essenciais para o conhecimento da história das mentalidades, do próprio observador. Foram incluídos de forma apenas demonstrativa, alguns instrumentos musicais e traje madeirense, reveladores da riqueza etnográfica da Madeira e das suas tradições populares.
Em exposição obras de Andrew Picken, como Burriqueiro Boy e Quinta do Monte ou Cabo Girão de John Eckersberg, onde os referentes do Romantismo europeu, se encontram bem consolidados, pelo apelo da paisagem e das gentes.

Uma parte fundamental da construção do imaginário do nosso primeiro turismo, ligado a discutíveis propriedades terapêuticas do clima, farão consolidar o destino Madeira, primeiro entre a sociedade europeia, com a presença na Ilha da Imperatriz da Áustria, Elizabeth, seguida das cortes Alemãs, Inglesas, Russas, Brasileiras, etc.

Em exposição um conjunto de fotografias datáveis entre o terceiro quartel do século XIX e o início do século XX, servem de referência a um imaginário romântico do nosso turismo, mas também de aspectos essenciais do nosso quotidiano insular.

A Fotografia revela também importantes imagens de reportagem sobre acontecimentos marcantes da nossa história, entre o fim do século XIX e o início do século XX.

A participação de madeirenses no início do modernismo na arte portuguesa é dada pelos irmãos Franco. Francisco Franco, mais conhecido como escultor oficial do Estado Novo, tem um percurso insuspeito e muito pouco conhecido, de artista experimental, enquadrável nas referências mais inovadoras do desenho e escultura portuguesa do princípio do século XX. Henrique Franco, retirado mais cedo, é também um ilustre desconhecido, que esta exposição apresenta como participante activo da experimentação modernista.

Temos a certeza de que não esgotámos as possibilidades de apresentação das complexas redes da História, mas a certeza de termos contribuído para um conhecimento mais generalizado das riquezas patrimoniais existentes no arquipélago.

Assim, esta exposição estabelece um percurso de quase 600 anos de vida de uma comunidade complexa, que fez da sua existência uma permanente diálogo entre conhecimento do outro e autoria, proximidade e diferença, abertura ao mundo e certeza do seu vínculo mais profundo, a ideia da autenticidade".

Como última sugestão, aqui ficam os links dos sites do MuseuMac (Rede de Museus da Macaronésia: Madeira, Acores, Canárias), e da CultuRede (Direcção Regional dos Assuntos Culturais, da Ilha da Madeira), cujas visitas igualmente se recomendam:

http://www.museumac.com/index_flash.php

http://www.culturede.com/pt/museus/lista.aspx

domingo, 25 de outubro de 2009

"Se Maomé não vai à Montanha... a Montanha vai a Maomé"


O sucesso que as Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian tiveram em Portugal, desde 1958 a 2002, relegou para um cantinho obscuro da memória que, em 1953, foi o escritor António José Branquinho da Fonseca, Conservador-Bibliotecário do Museu-Biblioteca do Conde Castro Guimarães, em Cascais, a ter a ideia de criar uma extensão móvel deste Museu-Biblioteca. Esta extensão consistia numa carrinha a circular pelas escolas e povoados, proporcionando um acesso da população, de outro modo impossível ou improvável, aos livros e à leitura, através de um serviço de empréstimo domiciliário. Foi o êxito desta iniciativa que levou a Fundação Calouste Gulbenkian a aceitar a sua sugestão, em 1958, para a expansão nacional de um serviço de bibliotecas itinerantes.

Actualmente, assistimos ao nascimento de outro projecto de itinerância cultural, original entre os museus portugueses: o Museu Nacional Carlos Machado criou um serviço móvel para levar o museu às escolas, visto que a distância e interioridade das ilhas dos Açores dificulta a ida das crianças ao museu. Assim nasceu o Museu Móvel do Museu Nacional Carlos Machado, carrinha que se desloca às escolas para aí montar exposições temporárias (de apenas um dia) e actividades, relacionadas com o museu e com o património cultural e natural de cada localidade visitada, organizando-se as oito pessoas que constituem a equipa, para a montagem da exposição, organização das visitas e actividades com grupos de alunos e posterior desmontagem da exposição. Para o sucesso desta iniciativa, contam ainda com Representantes do Museu em cada escola.
Vale a pena ler o artigo saído no Boletim N.º32 de Museus em Rede, pp.9-11 (Rede Portuguesa de Museus), visitar o site do Museu Nacional Carlos Machado e para quem quiser aprofundar a questão das Bibliotecas Itinerantes, convido à visita de Bibliotecas em Portugal (Suporte).
Fontes iconográficas:
Imagem do topo:
Neves, Rui, As Bibliotecas em movimento. As Bibliotecas móveis em Portugal [on line/em linha]. Acesso a 25/10/2009, 10h00 min.
Segunda Imagem:
Museu Nacional Carlos Machado, Açores, publicada no Boletim N.º32 de Museus em Rede.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O zapping do rato

Um ano decorrido desde a criação deste blogue, durante o qual se viajou virtualmente à volta do mundo, tentando-se encontrar websites e blogues de instituições museológicas, patrimoniais e outras de interesse, para as conhecer e dar a conhecer, impõem-se algumas considerações.

O que é, exactamente um bom blogue ou um bom website?

Supostamente, o que principalmente queremos encontrar num blogue ou website, é informação escrita e visual cientificamente correcta, o mais completa possível, à distância do conforto de um clique no rato.
No entanto, essa informação tem de ser apresentada de uma forma visualmente atraente, com um bom design gráfico - caso contrário, nem nos damos à maçada de tentar ler. Encontram-se demasiados websites e blogues que, em termos de formatos, cores e escolha de lettering são tão pobres ou tão mal concebidos, que não possibilitam um segundo olhar, fazendo-se, imediatamente, zapping com o rato, de retorno à página de pesquisa.

Especificamente no caso dos websites das instituições museológicas, seja por constrições orçamentais, de menor sensibilidade, interesse e investimento na área do webdesign da página do museu ou por simples falta de recursos humanos técnicos e tecnológicos, a ausência de conteúdos apelativos, de multimédia e de interactividade limita muito o interesse dos que acedem a essas páginas. Este é um facto particularmente grave, nesta era das novas tecnologias, porque o primeiro contacto que se tem com um museu é através da sua página na internet, pelo que a falta de investimento no desenvolvimento dessa página se torna desastroso em termos da divulgação e marketing de qualquer instituição.

É certo que muito se tem evoluído tecnologicamente com a web 2.0 a proporcionar um maior desenvolvimento nas páginas de muitas instituições museológicas e patrimoniais (a saber que possibilidades trará a futura web 3.0), mas muito há ainda por fazer. A boa notícia é que muitos websites têm sido melhorados desde há um ano para cá - muitos ainda de modo insuficiente, mas algum esforço é visível (veja-se o caso da esmagadora maioria dos museus municipais portugueses, sem página própria, alojados nas páginas das Câmaras Municipais, ultimamente com sensíveis melhorias em termos de imagem, mas permanecendo totalmente estáticos e ineficazes como páginas de museu, tal como sucedeu anteriormente com as páginas de museus municipais, da Geira).

Igualmente, o desenvolvimento de conteúdos multimédia através da reconstituição de ambientes naturais e históricos, com edifícios e cidades recriados a partir dos sítios arqueológicos, desenvolvidos por diversas empresas e universidades, em vários países, tem permitido visitas virtuais - "viagens no tempo", não só nos próprios museus, como nas visitas virtuais oferecidas nos conteúdos das páginas de alguns museus.

De enorme utilidade serão cada vez mais as aplicações destas tecnologias de alta precisão, na constituição de bancos de dados virtuais para o estudo científico dos achados arqueológicos, evitando os riscos que um contínuo manuseamento das peças implicam, em termos de conservação, assim como um ganho extraordinário no acesso global à recolha de dados e na poupança de tempo e de custos de investigação.

Assim, em conclusão, para se evitar o impaciente zapping do rato, há alguns factores a ter em conta:

- O investimento em webdesigners, designers gráficos e tecnologias de última geração é fundamental na criação do website de uma instituição museológica, para garantir uma imagem de impacto inicial e continuada do museu;

- Uma das melhores acções de marketing do museu é o seu website, antes, e após a visita, assegurando a continuação dos laços que o visitante estabelece com o museu, exigindo uma página que mantenha conteúdos actualizados, cientificamente correctos mas acessíveis, conteúdos multimédia (filmes, reportagens, visitas virtuais, recriações 3D), visitas guiadas online e conteúdos pedagógicos atraentes para crianças, família e escolas, e as actuais utilidades interactivas (loja virtual, bilhetes online, notícias diárias do museu e das suas exposições, sondagens, blogues, fóruns...etc.). Um exemplo muito bom será o do Museu do Louvre (Paris, França);

- Um dos pontos a ter muita atenção é a correcção no uso do vocabulário museológico na página web, para evitar, mais uma vez, o zapping do rato. Dão-se apenas dois exemplos:

- Um erro frequente em páginas web de museus um pouco por todo o mundo é a confusão entre "visita virtual" e "guia" e/ou "roteiro" (em versão reduzida). A "visita virtual" não é um simples guia e roteiro online, com textos mais ou menos longos e fotografias de algumas peças das colecções do museu. Uma "visita virtual" é uma visita através de um pequeno filme ou de imagens em movimento, em rotação de 360º, reconstituição virtual em 3D - algo, enfim, que nos permita visitar virtualmente o espaço museológico ou musealizado (sítios arqueológicos, monumentos...) e as suas colecções. Um exemplo de uma visita virtual é a visita a Stonehenge ;

- Outro erro frequente é a designação de "museu virtual" que, mais uma vez, também não é uma colecção de textos e fotografias e sim, um museu criado online, com ou sem correspondência física com um museu real, com conteúdos multimédia de modo a proporcionarem aos visitantes visitas virtuais, informação, interactividade, actividades pedagógicas e bancos de dados e imagens (não se devem limitar a ser bancos de dados e imagens). Bons exemplos de museus virtuais são o MUVA - Museo Virtual de Artes El Pays (Uruguai) e o Museu Virtual de Aristides de Sousa Mendes (Portugal). Menos bons exemplos serão a Web Gallery of Art e o Museum with No Frontiers - Discover Islamic Art, que funcionam, sobretudo, como fabulosos bancos de dados e de imagens, com visitas virtuais infelizmente demasiado semelhantes a guias e pequenos roteiros online... estáticos.

domingo, 19 de julho de 2009

68 Peças de museus municipais vão ser emprestadas ao Grupo Pestana

De acordo com a notícia publicada a 17 de Julho do Jornal de Notícias, a Câmara do Porto pretende emprestar por um ano, 68 peças de mobiliário e objectos decorativos, pertencentes ao espólio de museus municipais, em depósito, ao Grupo Pestana, para servirem os projectos de decoração de interiores dos espaços comuns e do restaurante da Pousada do Freixo.

William A. Bostick disse certa vez que "o grau de segurança de um museu corresponde, na realidade, ao ponto a que os directores de museus se preocupam com esse problema" [1].

Em Portugal, é notória a dedicação, interesse e esforço dos directores de museus, qualquer que seja a sua tutela, pela segurança e conservação preventiva das colecções a seu cargo. Isto implica lidar com todos os problemas inerentes a essa conservação, levantados pelos edifícios e espaços, condições físicas, técnicas e humanas específicas de cada museu, com orçamentos para a gestão museológica mínimos e, em muitos casos, insuficientes, dependendo-se em muito do sentido de responsabilidade e voluntariado de todo o pessoal do museu, para assegurar a sua salvaguarda.

Assiste-se agora ao absurdo de se recuar no tempo e voltar a ver os museus - hoje os museus municipais do Porto (amanhã quem se segue?) - por imperativos da sua tutela, a cederem, a título de empréstimo, peças antigas insubstituíveis para decorarem espaços particulares e públicos. Estaremos nós de volta ao século XIX, para assistir a uma redistribuição arbitrária de valiosos bens culturais, expropriados e arrolados no património português, por espaços públicos e privados, ou talvez mais precisamente ao século XX, durante a ditadura salazarista, quando os Museus Nacionais eram obrigados a fornecerem mobiliário, peças decorativas e utilitárias, não só para decoração dos gabinetes dos Ministérios do Estado e Embaixadas, mas para tudo prover para os banquetes de Estado e visitas oficiais de entidades estrangeiras?

Embora os termos do contrato entre a Câmara Municipal do Porto e o Grupo Pestana não sejam conhecidos, o problema subsiste: estamos a falar de expor e em que condições de exposição e conservação, em espaços de acesso fácil, 68 peças de mobiliário, faiança, espelhos - são 68 peças insubstituíveis dos museus municipais do Porto, o que representa um verdadeiro pesadelo em termos de segurança e de conservação, num espaço que se estende ao longo de 88 quartos, áreas comuns e restaurante (a Pousada é constituída por dois edifícios: o Palácio do Freixo e o alojamento a situar-se no edifício da antiga fábrica de Moagem Harmonia, desalojando-se daí o Museu da Ciência e Indústria).

Será possível que o Grupo Pestana nunca tenha ouvido falar nas excelentes reproduções de colecções dos museus portugueses? Não faria maior sentido colocar nas tais "áreas comuns e no restaurante da Pousada", essas e outras reproduções? Que condições podem estes espaços oferecer para garantir uma conservação ambiental e segurança adequadas a peças antigas, que exigem modos diversos de exposição, temperatura, humidade, luminosidade, etc.? O Grupo Pestana comprometeu-se em assegurar os trabalhos de restauro e conservação destas peças e com certeza que vão precisar, indo o pessoal de limpeza da Pousada receber formação em manutenção e conservação, de técnicos da Câmara. Resta saber como serão feitos esses trabalhos de restauro e conservação, visto que a formação técnica de um técnico em conservação não se faz num ano e cada peça é uma peça...

É caso para se dizer que, actualmente em Portugal, o grau de segurança das colecções de um museu municipal corresponde, na realidade, ao ponto a que os vereadores da Cultura em cada Câmara Municipal se preocupam com esse problema...

Esta é uma resposta (alargada) ao debate lançado pela Professora Doutora Alice Semedo, no seu excelente site da rede social para estudantes, profissionais e especialistas em museus, museologia.porto, que se encontra ainda em aberto.

O link para a notícia do JN "68 peças vão para a Pousada" encontra-se em "Notícias", na coluna direita deste blogue.

Nota: [1] Bostick, William, Guide pour la Sécurité des Biens Culturels, UNESCO, Paris, 1978.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dia Internacional dos Museus: "Museus e Turismo"


Hoje comemora-se o Dia Internacional dos Museus (ICOM), cujo tema este ano é "Museus e o Turismo". Em Portugal, o Instituto de Museus e Conservação (IMC) tem estado a apresentar uma programação especial de actividades muito diversas nos Museus e Palácios Nacionais (RPM), a não perder.
Foi em 1977 que o ICOM decidiu instituir o Dia Internacional dos Museus, com o objectivo de desenvolver um maior entendimento e relacionamento entre os profissionais dos museus e o público, de modo a não se perder a finalidade museológica essencial dos Museus - "instituições ao serviço de uma sociedade/comunidade e do seu desenvolvimento"- defendendo e preservando a memória e identidade da comunidade, pela participação de forma proactiva no seu desenvolvimento cultural. Foi então recomendado que a 18 de Maio o Dia Internacional dos Museus seria comemorado com actividades especiais, ao redor do mundo. Apenas a partir de 1992 se decidiu que as celebrações passariam a ser realizadas sob um tema específico escolhido anualmente pelo ICOM (Resolução N.º5 - Dia Internacional dos Museus, tomada durante a 12ª Assembleia Geral do ICOM, a 28 de Maio de 1977).

domingo, 17 de maio de 2009

Formação Ambiental em Campo de Trabalho Internacional


"Numa região profundamente marcada ao longo dos séculos pela acção humana, onde a paisagem natural se funde com a humanizada, a Associação Transumância e Natureza (ATN) convida-o a participar num Campo de Trabalho Internacional (CTI), realizado com o apoio do Instituto Português da Juventude (IPJ) e em parceria com a APDARC (Associação para a Promoção da Arte e Cultura do Vale do Côa e Douro Superior). Este campo pretende apoiar a inventariação de estruturas e construções rurais, assim como de histórias e saberes locais, na Reserva da Faia Brava, propriedade da ATN na ZPE do Vale do Côa. Os participantes deste CTI recebem formação teórica e prática em metodologias de inventário de arquitectura rural e de inquéritos e apoiam a ATN nos trabalhos de campo de inventário e reconstrução, que serão realizados em conjunto com especialistas convidados. Todos os dados e conhecimento recolhidos serão compilados num relatório final, que servirá de apoio à elaboração de actividades ecoturísticas, marcação de percursos pedestres, equestres e de bicicleta, a ser implementado na Reserva da Faia Brava.

Datas: 18 a 30 Agosto 2009

Local: Reserva da Faia Brava, Algodres e Cidadelhe."

(Notícia enviada ao Museu Aberto pela Sra. Eng.ª Filipa Viegas, ATN. Para mais informações - programa provisório, brochura, inscrições - basta clicar no título do texto para aceder ao site desta associação).

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dia Internacional dos Monumentos e dos Sítios

No dia 18 de Abril comemora-se em Portugal o Dia Internacional dos Monumentos e dos Sítios, sob o tema: "Património e Ciência".
Em 1983, a Conferência Geral da UNESCO aprovou a proposta apresentada a 18 de Abril de 1992, pelo ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios) para a instituição do dia 18 de Abril como Dia Internacional dos Monumentos e dos Sítios. A partir de então, neste dia, sob um tema escolhido anualmente pelo ICOMOS, passaram a realizar-se conferências, colóquios e outras actividades e eventos culturais, à volta do mundo, como meio de divulgação, alerta e de sensibilização do público em geral, proprietários particulares e autoridades públicas, para a necessidade de conhecer, inventariar, restaurar, conservar, proteger e defender os monumentos e sítios que constituem a diversidade e riqueza do património cultural local, regional, nacional ou mundial. O ICOMOS dispõe de um site dedicado a este dia - ICOMOS: International Day for Monuments and Sites 18th April - que se convida a visitar.