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domingo, 29 de junho de 2025

O Epitáfio de Seikilos (Sícilo)

O registo da canção mais antiga completa que se conhece parece ser o "Epitáfio de Seikilos (Sícilo)", uma inscrição em Grego Antigo sobre pedra que preserva a mais antiga composição musical completa datada do I ou II séc. d.C.

Epitáfio de Sícilo*

A inscrição foi encontrada num pequeno pilar de mármore na antiga cidade grega de Tralles (atual Aydin, na Anatólia Ocidental, Turquia), em 1883 pelo engenheiro britânico Edward Purser, durante a construção de uma estrada. Nesse ano, o arqueólogo William Mitchell Ramsay publicou a descrição do epitáfio no Bulletin de Correspondance Hellénique

Entre 1883 e 1893 terá sido feita uma cópia das gravações pela técnica de frottage, publicada em 1894 pelo arqueólogo francês Théodore Reinach. E felizmente que assim foi, porque o engenheiro inglês, para que a mulher pudesse usar a coluna como pedestal para vasos de flores, mandou cortar a base do pilar para o estabilizar,  seccionando e destruindo a ultima linha, que sobreviveu apenas na cópia que tinha sido feita. Essa linha era uma dedicatória de Sícilo a Euterpes, musa grega da poesia e da música, ou talvez como filho de Euterpes, destacando as suas qualidades como poeta e músico.

Posteriormente, o pilar passou para a coleção privada do seu genro neerlandês De Jongh, que vivia em Buca. Foi o Cônsul neerlandês em Izmir que protegeu o pilar durante o incêndio de Esmirna de 1922, durante a Guerra Greco-Turca. Depois disso, o genro do Cônsul transportou-o para Haia, nos Países Baixos, onde permaneceu até 1966, quando foi adquirido pelo Departamento de Antiguidades do Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhaga, onde permanece em exposição até hoje.

O pilar contém dois poemas: um dístico elegíaco que interpela o transeunte como "imagem mandada ali colocar por Sícilo como monumento duradouro à imortal memória"; e uma canção curta com a notação musical vocal por cima das palavras. O poema musical poderá ser traduzido, à letra, por: "Enquanto viveres, brilha! | De modo algum andes triste! | Os vivos existem apenas por um pouco; | No final, o Tempo cobra o que lhe é devido."

Este não é o registo mais antigo de uma canção; as canções hurritas** e os hinos délficos são mais antigos, mas só sobreviveram até aos dias de hoje em fragmentos.

Vamos ouvir?

Versão grega:

Versão em português (do Brasil) de Guilherme Gontijo Flores:



NB:* Fotografia de Artem. G. 

NB:* *Antigo povo da Mesopotâmia que habitava o norte da atual Síria.

Fonte: Wikipédia

sábado, 28 de junho de 2025

Património Cultural na Faixa de Gaza e Museus na Cisjordânia

Em novembro de 2023, um relatório da organização não governamental Heritage for Peace enumerava os mais de 100 edifícios e sítios patrimoniais danificados ou destruídos na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos de Israel, desde os ataques terroristas do Hamas do dia 7 de outubro desse ano. (V. notícia do jornal O Público).

Segundo os estudos feitos para esse relatório, "o número total de edifícios e sítios classificados era de 325, distribuídos pelas províncias da Faixa de Gaza (...)" sendo que a maior fatia do património cultural edificado na província de Gaza chegava aos 195 sítios (60% do património edificado na Faixa de Gaza). Na província de  Khan Younis havia 42 sítios, perfazendo 13% do total do património, na província do Norte havia 39 sítios (12%); a província Central contém 32 sítios (9.8%), e a província de Rafah tem 17 sítios (5%).

Vale a pena ler o relatório: Heritage for Peace/relatório sobre o património palestiniano 

Impõe-se a pergunta: hoje, o que resta?

Lembremos alguns dos museus da Palestina, situados em Ramallah, na Cisjordânia, que nos falam da história e memória das famílias, do território, de luta e resistência, de misericórdia, de poesia, do milagre da palavra divina e do milagre da vida sob todas as suas formas:

A Casa Museu de Dar Zahran:

A Casa Museu de Dar Zahran, em Ramallah, foi a casa da família Zahran Jaghab. Durante mais de 250 anos a casa foi da família mas também uma hospedaria para quem passava por Ramallah. O edifício é uma estrutura antiga, em pedra, no estilo tradicional palestiniano com dois andares e é de interesse histórico local. Encontra-se localizado em Ramallah al-Tahta (Ramallah, a vila velha).

A família Zahran em 1923.

A Casa Dar Zahran é um exemplo do património cultural palestiniano. Foi fundada pela família Zahran e é gerida para manter o testemunho histórico de Ramallah. O edifício tem uma galeria de arte e uma galeria de fotografias de pessoas e locais em Ramallah e na Palestina entre os anos de 1850 a 1979.

Cozinha com artefactos que remontam aos sécs. XVI e XVII.


Oferece também a possibilidade ao visitante de comprar souvenirs inspirados na cultura palestiniana, e aos fins de semana organiza uma pequena feira de preço justo onde se vende comida, cerâmica, bordados, jóias, livros e sabonetes palestinianos. 

V. mais em: ThisWeekInPalestine.com 

O Museu Mahmoud Darwish:

Museu Mahmoud Darwish

O Museu Mahmoud Darwish, em Ramallah, celebra a vida e obra do poeta e escritor palestiniano Mahmoud Darwish (13/03/1941, Al-Birweh, Palestina - 09/08/2008, Houston, Texas, USA). A sua obra, que evoca a dor do deslocamento com paradoxos subtis, foi traduzida em mais de 20 línguas e recebeu vários prémios internacionais. Na obra do poeta, além da angústia do exílio, a Palestina aparece como metáfora do "paraíso perdido", nascimento e ressurreição. 

O poeta nunca se esqueceu que ele e a sua família foram refugiados: ofereceu bolsas de estudo a jovens refugiados e livros para bibliotecas em campos de refugiados Foi o autor da Declaração de Independência da Palestina, escrita em 1988 e lida pelo líder palestino Iasser Arafat, embora mais tarde o poeta se tenha desligado da OLP. O aniversário do seu nascimento tornou-se o Dia Nacional da Palestina.


Museu de Yasser Arafat:

Museu Yasser Arafat

O Museu de Yasser Arafat situa-se no local do seu último combate, ligado ao seu gabinete principal e último quartel-general.  Com vista para o seu mausoléu temporário em Al-Muqata’a, apresenta o registo histórico da OLP - Organização para a Libertação da Palestina. 


É um museu da memória nacional contemporânea da Palestina. V. mais em: Museu Yasser Arafat

Museu Palestiniano:

Museu da Palestina em Birzeit, Cisjordânia.

O Museu Palestiniano em Birzeit, próxima de Ramallah e a 25 km ao norte de Jerusalém. É um projeto da Welfare Association, organização sem fins lucrativos para o desenvolvimento de projetos humanitários na Palestina. O seu objetivo é abordar a história, a sociedade, a arte e a cultura palestinianas desde o início do século XIX, procurando tornar-se um centro simbólico da diáspora internacional, que, em 2016, somava cerca de seis milhões de palestinianos ao redor do mundo.

Museu Palestiniano - vista dos jardins.

O museu foi definido como um local inovador para o desenvolvimento e comunicação de pesquisas, conhecimento e novas interpretações sobre a sociedade palestiniana, sua arte, história e cultura. Em maio de 2015, aderiu oficialmente ao Conselho Internacional de Museus

O museu ocupa uma área de quatro hectares, doados pela vizinha Universidade Birzeit e reúne áreas de exposição e pesquisa, um anfiteatro, área destinada aos programas educativos, um pequeno café e um jardim onde foram plantadas espécies originárias da região, como amendoeiras, damascos, romãs e amoreiras.  


O Parque Nacional de Qumran:

Sítio arqueológico do Parque Nacional de Qumran.

O Parque Nacional de Qumran é um sítio arqueológico localizado na Cisjordânia, a 1,6 km da margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó e a cerca de 22 quilómetros a leste de Jerusalém. É administrado pela Autoridade Israelita para a Natureza e Parques.

Qumran tornou-se célebre em 1947 com a descoberta de manuscritos antigos que ficaram conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto - cerca de 930 fragmentos de manuscritos hebraicos, aramaicos e gregos, encontrados em onze cavernas, datando de 250 a.C. ao século I d.C. Os manuscritos teriam sido transcritos pelos antigos Essénios, uma seita referida pelos historiadores Filon e Flávio Josefo, que se tinha afastado do judaísmo tradicional por motivos desconhecidos, e que se extinguiu em 68. d.C. 

O Museu do Bom Samaritano:

A Pousada Museu do Bom Samaritano.

O Museu do Bom Samaritano é um parque nacional, museu, sítio arqueológico e antiga pousada administrado pela Autoridade Israelita para a Natureza e Parques localizada perto de Ma'ale Adumim, a meio caminho entre Jerusalém e Jericó, numa elevação de 298 m acima do nível do mar Morto.

A pousada alberga um museu com mosaicos antigos e outros achados arqueológicos, na maioria dos séculos IV a VII d.C. (período bizantino), que foram recolhidos de igrejas, de sinagogas judaicas e samaritanas na Cisjordânia, e da antiga sinagoga de Gaza. Uma das alas do museu é dedicada à história, cultura e costumes da Comunidade Samaritana.


Museu de História Natural da Palestina:

Museu de História Natural da Palestina.

O Museu de História Natural da Palestina do Instituto para a Biodiversidade e Sustentabilidade da Palestina da Universidade de Belém é uma instituição científica com coleções de história natural que incluem registos atuais e antigos de animais, plantas e fungos; registos de ecossistemas; registos geológicos, paleontológicos, climatológicos, entre outros. 


Museu Al Bad para a Produção do Azeite:

Museu Al Bad para a Produção do Azeite em Belém.

O Museu Al Bad para a Produção do Azeite, também conhecido como Museu Badd Giacaman, situa-se no centro da cidade de Belém num edifício tradicional de pedra que data dos séculos XIX-XX.

O museu alberga uma coleção de artefactos arqueológicos e etnológicos relacionados com o processo de produção de azeite. As exposições mostram o uso do azeite para lamparinas, medicina, comida, sabonetes e cosméticos, entre outras possibilidades.

V. mais em: Museu Al Bad  

Fontes das imagens: O crédito das imagens pertence aos museus a que cada uma se refere.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

Receitas da Antiga Babilónia decifradas

As mais antigas receitas culinárias do mundo de que há registo são da Babilónia e foram decifradas por especialistas da Universidade de Yale, anunciou Andy Corbley no seu artigo de 11 de fevereiro de 2021, no sítio Good News Network.

São três receitas diferentes de estufado de borrego e uma de frango com semelhanças em receitas dos atuais Iraque, Irão e Síria, sendo que uma delas leva 25 ingredientes (a lista mais longa das quatro). As receitas contêm ingredientes como chalotas persas, alho francês, coentros, beterrabas, cebola e alho com sal fino, e carne, misturados com água ou cerveja, leite e bolos de cevada. 

Dos quatro pratos - o estufado "me-e puhadi"; o estufado "Tuh’u";  o estufado elamita "Mu elamutum"  e uma empada de frango - apenas o estufado elamita, um prato estrangeiro, leva endro e sangue animal. Quanto à empada de frango, é composta por camadas de massa de farinha intercaladas com frango e um molho semelhante ao "Béchamel".

As porções exatas foram mais difíceis de determinar, optando-se por medidas "a olho" e "q.b.", considerando a média geral das porções neste tipo de cozinhados. Aos especialistas juntaram-se historiadores de gastronomia e, depois de várias tentativas e erros, conseguiram chegar a resultados o mais próximos possíveis das receitas originais inscritas nestas tabuinhas com 4000 anos. 

Para ler o artigo completo: GoodNewsNetwork 

Fonte da imagem: Coleção Babilónica de Yale

terça-feira, 16 de abril de 2019

"Notre Dame, notre âme" - Paris mais uma vez de luto

Incêndio na Catedral de Notre Dame de Paris.
O impensável aconteceu em Paris na noite de 15 de abril, no final do segundo dia da Semana Santa, perante o olhar chocado dos parisienses e turistas que se foram aglomerando nas ruas em redor, e de todas pessoas à volta do mundo que acompanharam a cobertura televisiva: um incêndio de grandes proporções terá deflagrado no sótão da Catedral de Notre Dame de Paris pelas 17h50min (hora de Lisboa), destruindo oitocentos e cinquenta e seis anos de História em 65 minutos.

O pináculo da catedral criado por Viollet-le-Duc cairia, vencido pelas chamas,
 cerca de uma hora depois do início do incêndio.


Vista aérea do incêndio na catedral, através de um "drone".
Destruídos cerca de dois terços da catedral, e havendo ainda focos de incêndio combatidos com água pelos bombeiros durante toda a noite, os especialistas aguardam agora a autorização dos Bombeiros de Paris para poderem entrar na catedral para a inspecionar.

Paris está mais uma vez de luto - desta vez, pela perda parcial de um monumento icónico da cidade, da sua história e vivências, presente na imaginação e coração de tantos milhões de pessoas que o conhecem presencialmente ou em espírito, através do estudo da História de França, mas também da literatura, das artes plásticas e do cinema. 

Paris está de luto e o mundo também. As ofertas de ajuda para a sua reconstrução estão a vir da França e de toda a parte do mundo, inclusive de organismos internacionais como a UNESCO.

Olhando para o futuro, esta será uma oportunidade única para os especialistas - museólogos, historiadores de arte e conservadores, artistas plásticos e técnicos de restauro de todo o mundo - fazerem uma viagem no Tempo e colaborarem no restauro "in loco" de um monumento ímpar na História e na Arte que, esperemos, obedeça às regras e técnicas medievais de construção e decoração, e respeite a qualidade dos materiais antigos.

Uma saudação especial aos Bombeiros de Paris, pela sua ação rápida, estratégia e competência no combate ao incêndio - de lembrar que, embora felizmente não tenha havido perda de vidas humanas, um bombeiro ficou ferido.

Catedral Notre Dame de Paris.
Catedral de Notre Dame de Paris: fachada principal.
Vista aérea da Catedral de Notre Dame.

Nota histórica:

A Catedral de Notre Dame é a catedral da Arquidiocese de Paris, situada numa ilha do rio Sena, a Île de la Cité. É uma das catedrais góticas mais antigas de França, classificada como monumento nacional e Património Cultural da Humanidade da UNESCO. Recebe 13 milhões de visitantes por ano.



Interior da Catedral de Notre Dame.
Os trabalhos de construção da Catedral de Notre Dame iniciaram-se no século XII, em 1163, segundo o projeto dos arquitetos Pierre de Montreuil e Jean de Chelles, e foram concluídos em 1345. Contudo, por necessidade ou por questões de estética, ao longo das épocas foram-se realizando obras, melhorias e acrescentos ao edifício: 
  • Nos finais do séc. XVII, o rei Luís XIV ordenou a substituição de vitrais e a adição de elementos decorativos barrocos. 
  • Entre 1789 e 1799, durante a Revolução Francesa e sob o Culto da Razão, a catedral foi alvo de pilhagens e de destruição de parte dos seus elementos. A populaça destruiu as cabeças das estátuas da Galeria dos Reis, julgando serem os retratos dos reis de França, a catedral foi convertida em armazém de alimentos e os sinos foram fundidos para o fabrico de armas, munições e um canhão.
  • Em 1831 Victor Hugo escreve o romance "Notre Dame de Paris" como sensibilização e mobilização popular em prol da conservação e restauro da catedral, num momento em que se cogitava a sua demolição devido a apresentar grandes danos.
  • No séc. XIX, em 1844, os arquitetos Eugéne Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste Lassus restauraram de forma belíssima a catedral à luz do romantismo (incluindo o seu imponente pináculo, que Viollet-le-Duc aumentou em altura e ornamentou com estatuária).
  • Em 1871 a catedral foi novamente alvo de um incêndio causado por revoltas populares da Comuna de Paris contra a capitulação de França na Guerra Franco-Prussiana.
  • Em 1965 foram realizadas escavações arqueológicas que revelaram catacumbas romanas, uma catedral merovíngia do século VI e um bairro medieval. 
  • Em 1977 parte das cabeças das estátuas da Galeria dos Reis foi encontrada durante obras na Rue de la Chaussé D’antin, e posteriormente exposta no Museu Nacional da Idade Média.
  • Por fim, em 1991, foi iniciado um projeto de restauro e conservação, cujo prazo de dez anos se tem prolongado até este momento.
  • No dia 15 de abril de 2019, pelas 17h50min, deflagra um incêndio que consome toda a cobertura da catedral, causa a derrocada do seu pináculo, de parte das abóbodas e dos vitrais do séc. XIX criados por Viollet-le-Duc. 
Catedral de Notre Dame, porta principal, vista para o interior da nave principal:
 incêndio e queda de parte das abóbodas (15/04/2019).
Parte da estatuária ficou a salvo, por se encontrar em restauro noutro local - nomeadamente, as 12 estátuas dos apóstolos em bronze, retiradas por grua na semana anterior. Temeu-se o pior pelo tesouro da catedral mas, aparentemente, o tesouro ter-se-á salvo também, estando por verificar os danos causados pela água, diferenças térmicas, fumo e cinzas no antigo órgão do séc. XIII e nas pinturas, guardadas em local longe do fogo. O tesouro e as pinturas serão agora levados do local, ficando à guarda do Museu do Louvre.

Fontes e factos:

Imagens:

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

As marés negras da nossa alma

Mais uma vez somos confrontados com uma catástrofe ecológica de dimensões ainda incalculáveis: uma plataforma de petróleo da BP no Golfo do México sofreu uma violenta explosão no dia 20 de Abril, com a perda de 11 vidas humanas, afundando-se dois dias depois, ao largo da costa do Estado da Louisiana (EUA). Segundo as agências noticiosas, desde então detectaram-se pelo menos 3 fugas de petróleo, tendo-se vindo a derramar no mar cerca de 210 000 barris de petróleo por dia, causando uma vasta mancha negra a destruir os ecossistemas marinhos e do litoral dos EUA (Louisiana, Florida, Alabama e Mississipi). O mau tempo que se tem verificado nesta zona tem aumentado a velocidade e extensão desta mancha negra, observando-se mesmo do espaço (em cima pode ver-se uma imagem de satélite da Agência Europeia Espacial).

Numa maré negra, habitualmente causada pelos grandes petroleiros que continuam a cruzar os oceanos, quer por acidente, quer por limpeza criminosa dos seus tanques (por ano, continuam a ser derramados cerca de 600 000 litros de petróleo bruto nos mares sem que ninguém assuma responsabilidades), uma das primeiras calamidades é o facto de o manto espesso de crude impedir a passagem dos raios solares de modo a realizar-se a fotossíntese, destruindo-se a flora marinha (e.g., algas), possibilitando a proliferação de organismos anaeróbicos (e.g., bactérias) aniquilando, por consequência, a fauna marinha. A par desta calamidade, qualquer ser vivo, peixe, mamífero ou ave atingidos por este manto, são rapidamente envenenados, imobilizados e sufocados por este. Por fim, os efeitos destas marés negras persistem no tempo, mesmo depois das limpezas aparentes, pela demora com que os ecossistemas se recuperam e pelas substâncias carcinogénicas e tóxicas que permanecem nas águas, absorvidas pela fauna e flora, causando mutações genéticas, doenças e toxinas que, eventualmente, vão parar à nossa mesa.

Aparentemente, o ser humano é o único ser vivo que continua a encontrar mais virtudes do que defeitos no petróleo, apesar de ter ao alcance da mão energias limpas renováveis (solar, eólica, hidráulica, marés), mas isso não é de admirar: é igualmente o único ser vivo que considera normal poluir as águas, rios e mares de que depende a sua vida, é o único a achar que pode continuar a destruir tudo e mais alguma coisa, na terra, no ar e no mar, a seu bel-prazer, simplesmente porque tem o poder de o fazer. E, portanto, o ser humano, em vez de resolver o problema pela raiz, prefere continuar a reunir em conferências internacionais peritos em conter e lavar derrames de petróleo (vejam a International Oil Spill Conference, por exemplo), perpetuando os lucros das grandes companhias petrolíferas e dos seus investidores, à custa de um ataque constante à nossa biodiversidade. Mas não faz mal, o que importa é termos especialistas para nos ensinarem a lavar as marés negras da nossa alma.

O grande desenhador argentino Joaquín Lavado (Quino) tem abordado estes e outros temas, criando verdadeiros cartazes que gritam bem alto contra as injustiças e misérias deste mundo, políticas, económicas, sociais e ecológicas. O seu "Moderno Testamento - Génesis do Fim"(1), é admirável e profético, caso não se trave a monstruosa e louca ganância que prolifera neste mundo. Aqui fica esta espantosa reflexão:


Quem nos dera estarmos enganados...

Imagem acima:

(1). Quino, "Moderno Testamento - Génesis do Fim" in Não fui eu!, Bertrand Editora, Venda Nova, 1995, p.93.

domingo, 10 de abril de 2011

Blogue em remodelação

Devido a problemas informáticos e a uma carga informativa não comportada por este modelo de blogue da Google, alongando demasiado o tempo da sua visualização, "O Museu Aberto" viu-se obrigado a uma remodelação, a apresentar breve, com novidades. Já falta pouco... Obrigada pelas vossas visitas!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A SPEA chama atenção para o futuro da Biodiversidade

Uma oportunidade a não perder:

"A exposição A Biodiversidade e Nós é uma iniciativa que visa alertar para a importância da conservação da biodiversidade e a sua influência no nosso dia-a-dia.

No âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) com o apoio da SIMTEJO e da Rede Rural Nacional organizaram uma exposição dedicada à Biodiversidade, que estará presente no centro comercial Vasco da Gama (Lisboa) entre 18 e 29 de Setembro. Nos próximos dias 18, 19, 23, 24, 25 e 26 de Setembro os mais novos podem também Brincar com a Biodiversidade, das 17h às 21h na quinta e sexta-feira e das 12h às 21h, durante o fim-de-semana".

Para mais informações contactar:
Luís Costa
Director Executivo da SPEA
TLM 91 692 1419,
e-mail luis.costa@spea.pt
SPEA
Sede Nacional National Headquarters
Avenida João Crisóstomo, nº 18 – 4º Dir. 1000-179 Lisboa – Portugal
Tel. +351 918 46 82 33 Fax. +351 213 220 439 http://www.spea.pt

Campanha de angariação de donativos ajuda ave mais ameaçada da Europa


Está quase a terminar a campanha organizada pela SPEA:

"A campanha dinamizada pela SPEA entre 26 de Agosto e 26 de Setembro, precisa de angariar 7000€ para ajudar os trabalhos de recuperação do habitat da Freira da Madeira.

Na última semana a Madeira sofreu incêndios sem precedentes que arrasaram todo o maciço montanhoso central da ilha e cerca de 92% do Parque Ecológico do Funchal. O impacto na flora e na fauna foi devastador, sobretudo para a Freira da Madeira, a ave mais ameaçada da Europa na actualidade. Com o objectivo de tentar minimizar os danos, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves colocou em marcha um pedido de donativos, para viabilizar uma série de trabalhos de recuperação do seu habitat, em colaboração com o Parque Natural da Madeira (PNM). A urgência de assegurar essa quantia prende-se com a necessidade de adquirir uma manta anti-erosão, material para criar os ninhos artificiais e remoção de vegetação exótica, equipamento de montanha e assegurar as despesas de pessoal especializado".

Comunicado disponível aqui.

Para mais informações contactar:
Ana Isabel Fagundes
Coordenadora da SPEA-Madeira
TLM 967 232 195
e-mail madeira@spea.pt


Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
Portuguese Society for the Study of Birds
Sede Nacional National Headquarters
Avenida da Liberdade, 105 – 2º Esq. 1250-140 Lisboa – Portugal
Tel. +351 213 220 430 Fax. +351 213 220 439 http://www.spea.pt/

Para outras informações sobre esta ave e sobre o Projecto SOS Freira do Bugio, do Programa Marinho da SPEA, clicar na imagem acima.

Encontro "Património Natural e Cultural: Construção e Sustentabilidade!", 18 de Outubro, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

O GECoRPA informa:

"O GECoRPA - Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico, a QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios (ICOMOS) organizam o encontro “Património Natural e Cultural: Construção e Sustentabilidade!”, com o objectivo de promover a salvaguarda do património natural e cultural como via para a sustentabilidade no ordenamento do território e na construção.

O presente encontro, tem como objectivos concretos:

I. Evidenciar os múltiplos impactos da construção, das opções estratégicas com ela relacionadas e dos sectores de actividade a montante e a jusante, sobre o património natural e o património cultural, em particular na sua vertente património construído a proteger;
II.Demonstrar que as estratégias tendentes a conservar o património natural e a reabilitar e valorizar o património construído contribuem, simultaneamente, para a sustentabilidade do sector da construção, em particular, e para o desenvolvimento sustentável do País, em geral.

O encontro, que terá lugar segunda-feira, 18 de Outubro de 2010 no auditório 3 da sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, tem como destinatários todos os decisores e agentes dos sectores ligados ao ordenamento do território, ao planeamento urbano, à construção e à gestão do edificado e da infra-estrutura – arquitectos, engenheiros, economistas, promotores, gestores, empreiteiros, formadores -- interessados em contribuir, na sua esfera de actividade, para uma melhor aplicação dos princípios do desenvolvimento sustentável.

Mais informações (programa e ficha de inscrição) aqui".
GECoRPA
Tel.: 213 542 336
Fax: 213 157 996
construcaosustentavel@gecorpa.pt

domingo, 12 de setembro de 2010

As 7 Maravilhas Naturais de Portugal

Eleger apenas 7 "Maravilhas Naturais" entre 21 candidaturas finalistas, num país onde cada região se apresenta única, em biodiversidade, riqueza patrimonial, beleza e encanto, é sempre complicado, tal como já o foi escolher as 7 Maravilhas do Património Português no Mundo. Com um sucesso cada vez maior, este novo concurso das 7 Maravilhas veio agora dar a conhecer aos portugueses o Património Natural de Portugal continental e Ilhas, como meio de o valorizar, de sensibilizar e de promover a sua salvaguarda, protecção e conservação.

Como Luís Segadães, Presidente da New 7 Wonders Portugal, explicou ao Diário de Notícias(12/09/2010): "os portugueses não querem saber daquilo que não conhecem. Por isso fizemos este esforço para dar a conhecer ao nosso país aquilo que ele tem de mais belo", acrescentando que tinha sido "um evento de grande escala que pretendia promover na opinião pública a protecção do ambiente".

No site do concurso (clicar na imagem acima) entre vídeos, reportagens, e outras curiosidades, são ainda apresentados os 7 Mandamentos das Maravilhas Naturais - as 7 boas práticas a ter em espaços de natureza, quando os visitamos, e que é fundamental cumprir, para a preservação de um Património Natural que é de todos, seguindo uma educação ambiental e cultural que conduza a um turismo mais consciente e responsável.

Foram ontem finalmente conhecidos os resultados dos 656.356 votos, durante o espectáculo de gala da Declaração Oficial das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, nas Portas do Mar, em Ponta Delgada (S. Miguel, Açores). Alcançaram este título as seguintes "7 Maravilhas Naturais de Portugal":

Categoria Florestas e Matas: Floresta Laurissilva da Madeira (igualmente Património Natural da Humanidade).




Categoria Áreas Protegidas: Parque Nacional da Peneda-Gerês, Minho (Reserva Natural).




Categoria Grutas e Cavernas: Grutas de Mira d'Aire (no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros).





Categoria Zonas Aquáticas Não-Marinhas: Lagoa das Sete Cidades, S. Miguel, Açores (Paisagem Protegida).




Categoria de Praias e Falésias: Portinho da Arrábida (Setúbal).




Categoria de Zonas Marítimas: Ria Formosa, Algarve (Zona Húmida de Interesse Nacional).



Categoria de Grandes Relevos: Paisagem Vulcânica da Ilha do Pico, Açores (a Paisagem da Cultura da Vinha desta Ilha é Paisagem Cultural -Património da Humanidade).


Parabéns aos vencedores, pela sua beleza e riqueza patrimonial natural ímpares! E parabéns, igualmente, aos vencidos, vencidos somente pela limitação numérica de Maravilhas possíveis...

Uma última nota, menos positiva: o tema da coreografia do espectáculo de gala pretendeu ilustrar, em sete actos, os diversos estados de alma (dos mais negativos e deprimentes, aos mais positivos e eufóricos) numa progressiva consciencialização do Homem para a beleza e protecção do Património Natural. Lamentavelmente, apenas a apresentação, entre cada acto de dança, das imagens das belas paisagens a concurso, relembrava ao espectador o propósito do espectáculo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Morte estática" no Golfo do México

Há que concordar, o petróleo é útil - usamo-lo nas fábricas, marinha, aviação, exército, nos carros, em máquinas diversas, obtemos variadíssimos produtos utilíssimos (como toda a gama dos plásticos, por exemplo). Mas o que quer que possamos dizer de bom dele, a verdade é que o petróleo é ecologicamente inviável. É uma forma de energia suja, que nos envenena o ar e todos os organismos vivos. O petróleo envenena e intoxica as plantas e os animais aquáticos ou marinhos - plâncton, peixes, crustáceos, moluscos, aves. Cobre a superfície da água com a sua matéria espessa e oleosa, impedindo a passagem da luz, matando todos os microorganismos e organismos que dela necessitam para a sua sobrevivência; recobre os peixes, mamíferos e aves com um manto pegajoso que lhes tapa os poros da pele, inutiliza escamas, barbatanas, penas e asas, e os paralisa e sufoca numa lenta e horrível agonia, até à morte.

Abaixo estão duas imagens dessa agonia, um cartoon e o seu correspondente real, que nos lembra que, para a esmagadora maioria dos seres vivos que anteriormente polulavam nas águas e acima das águas da área afectada pelo derrame do Golfo do México, a ajuda humana com os seus detergentes e boa vontade, chegou tarde ou nem chegou sequer. Lembra-nos, igualmente, que o assunto não é para rir. É só pormo-nos no lugar da ave marinha - algo impossível, na verdade; nós sempre vamos tendo os meios e a capacidade de nos limparmos a nós mesmos do crude; os animais não.
O cartoon é de Paul Combs, tendo sido publicado no "The Tampa Tribune". A imagem da ave marinha é da internet.

Segundo as notícias transmitidas pela BP, o poço de petróleo do Golfo do México terá sido finalmente fechado, através de uma manobra a que chamam "morte estática" e que consistiu em lançar lama para dentro do poço de petróleo. No entanto, a sua selagem definitiva, com cimento, ocorrerá apenas daqui a uma semana. Será com certeza relevante lembrar que a 15 de Junho a BP havia anunciado o êxito do tamponamento temporário deste poço... apesar deste continuar a verter petróleo para o oceano. Congratulemo-nos portanto, ficando "de pé atrás" com este seu novo êxito.

De qualquer modo, como pode ser verificado no contador do derrame de petróleo, algumas mensagens mais abaixo, o cômputo final do desastre parou hoje, 4 de Agosto de 2010, aos 92 340 117 barris de crude lançados ao mar. Outros cálculos serão mais modestos, outros ainda serão mais catastróficos. Enfim, cálculos há muitos, mas certezas há poucas.

O que se pode dizer com total certeza é de que este derrame de petróleo constitui o pior desastre ecológico de todos os derrames de petróleo, ultrapassando de largo, o desastre do Exxon Valdez, no Alasca, em 1989. O desastre ecológico do Golfo do México entrou assim, da pior maneira, para o Hall of Fame dos atentados ao meio ambiente. E, apesar dos seus esforços, a BP, em vez do Óscar, merecerá antes a Framboesa de Ouro.

Convido ainda a visita a dois sites muito interessantes sobre este tema. O primeiro é um infográfico, que explica, através de imagens comparativas, a dimensão deste desastre; o segundo é um mapa da Google, que sobrepõe a área do desastre a qualquer zona do globo, ajudando-nos a apercebermo-nos das dimensões do desastre e do que sentiríamos se tivesse ocorrido na localidade onde moramos, na nossa casa...
Infográfico de David MacCandeless: "Podemos dar-nos ao luxo de derramar petróleo?" (05/05/2010)

"E se [o derrame de petróleo] fosse na minha casa?" - If it was my home (Visualizing the BP Oil Spill /Disaster).

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Museu da Cortiça: Conclusões


A Jornada de Reflexão sobre o futuro do Museu da Cortiça (Fábrica do Inglês, em Silves), realizou-se no dia 26 de Junho. Nesse encontro foi produzido um documento com as Conclusões, já se encontra disponibilizado no site do ICOM-Portugal, e ao qual se pode aceder, igualmente, aqui.

É de notar que este museu, com um dos maiores espólios documentais existentes sobre a indústria e exportação da cortiça, em Portugal, remontando a 1870, onde foram investidos 12 milhões de euros, foi inaugurado em 1999 e recebeu o Prémio Luigi Micheletti, como o Melhor Museu Industrial Europeu em 2001. A insolvência do maior accionista da Fábrica do Inglês, o grupo Alicoop, levou o museu a encerrar portas a 18 de maio de 2010.

Pede-se no documento das Conclusões que, de uma classificação de "imóvel de interesse municipal", se passe, pelo menos, para a classificação de "imóvel de interesse público", como uma das medidas urgentes de protecção legal e salvaguarda do património imóvel e integrado que o constitui.

De ora em diante, infelizmente, visitas apenas na sua página Web:

domingo, 20 de junho de 2010

José Saramago (1922-2010)

No dia 18 de Junho, na sua casa em Lanzarote, partiu deste mundo José de Sousa Saramago, Jornalista, Argumentista, Dramaturgo, Escritor, Poeta, Pensador, Humanista, Prémio Camões (1995) e Prémio Nobel da Literatura (1998), o Inconformado, o Português que se preferia ver Ibérico, o Homem.

Tendo escrito livros tão memoráveis como Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis, Jangada de Pedra ou o Ensaio sobre a Cegueira, entre outros, relembro aqui uma das suas crónicas, escrita em tom de conto de fadas moral, que convido vivamente à sua posterior leitura integral, e da qual cito os dois primeiros parágrafos e refrão:

"Era uma vez um rei que nascera com um defeito no coração e que vivia num grande palácio (como sempre costumam ser os palácios dos reis), cercado de desertos por todos os lados, menos por um. Seguindo o gosto da mazela com que viera ao mundo, mandara arrasar os campos em redor do palácio, de tal maneira que, assomando pela manhã à janela do seu quarto, podia ver desolação e ruínas até ao fim e ao fundo do horizonte.
E quem isto ler e não for contar,
Em cinza morta se há-de tornar.

Encostado ao palácio, da banda das traseiras, havia um pequeno espaço murado que parecia uma ilha e que ali calhara ficar por estar a salvo dos olhares do rei, que muito mais se comprazia nas vistas da fachada nobre. Um dia, porém, o rei acordou com sede de outros desertos e lembrou-se do quintal que um poeta da corte, adulador como a língua de um cão de regaço, já antes comparara a um espinho que picasse a rosa que, em seu dizer, era o palácio do monarca. Deu pois o soberano a volta à real morada, levando atrás de si os cortesãos e os executores das suas justiças, e foi olhar torvo o muro branco do quintal e os ramos das árvores que lá dentro tinham crescido. Pasmou o rei da sua própria indolência que consentira o escândalo e deu ordens aos criados. Saltaram estes o muro, com grande alarido de vozes e de serrotes, e cortaram as copas que por cima sobressaíam.

E quem isto ler e não for contar,
Em cinza morta se há-de tornar.

(...)"

(José Saramago, "A História do rei que fazia desertos" in A Bagagem do Viajante, Crónicas, 6ª Edição, Editorial Caminho, 1999, pp.111)
José Saramago deixa-nos em todos os seus escritos o seu exemplo, as suas ideias e alertas, para nossa reflexão e acção, para nos sacudir de uma dormência e cegueira no modo como nos encaramos e encaramos o mundo e no tipo de acção que exercemos sobre ele, lembrando-nos, que "as misérias do mundo estão aí, e só há dois modos de reagir diante delas: ou entender que não se tem a culpa e, portanto, encolher os ombros e dizer que não está nas suas mãos remediá-lo -e isto é certo -, ou, melhor, assumir que, ainda quando não está nas nossas mãos resolvê-lo, devemos comportar-nos como se assim fosse." (Fundação José Saramago: "Responsabilidade", comentário de José Saramago extraído de La Jornada, México, 3 de Dezembro de 1998)

E se nos comportarmos como se tivessemos nas nossas mãos o poder de mudar o mundo para melhor, pelo menos, humanamente entre nós, e ecologicamente, na salvaguarda de um património natural comum a todos e fundamental para a nossa própria sobrevivência enquanto espécie, conseguiremos mudar o mundo, todos os dias, uma acção, um lugar ou uma pessoa de cada vez, até sermos muitos, até sermos todos a ter a consciência de que é realmente nosso esse poder e é essa a nossa responsabilidade.

Visite-se também:


A Flor Mais Grande do Mundo



terça-feira, 18 de maio de 2010

Mais 10 museus portugueses na RPM

Hoje, 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, no Museu Regional de Beja, pelas 16h00, irá decorrer uma cerimónia oficial para a entrega da Credenciação de Qualidade da Rede Portuguesa de Museus a mais dez museus portugueses, presidida pelo Secretário de Estado da Cultura, Dr. Elísio Summavieille.

É igualmente este o décimo ano de existência da Rede Portuguesa de Museus, projecto responsável por uma reestruturação e exigência de máxima qualidade dos nossos museus, estando ainda em processo de avaliação as candidaturas para a obtenção de Credenciação de Qualidade e integração na RPM, de cerca de 60 outros museus.

Passa-se a enumerar a lista dos novos museus que integram agora a RPM, alguns dos quais com sites muito bons, em termos informativos e de webdesign, dois deles com existência online em blogues (clicar nos seus nomes ou imagens):

Tutela Municipal

Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo (Câmara Municipal de Mação);

Museu da Indústria de Chapelaria (Câmara Municipal de São João da Madeira);




Museu Marítimo de Ílhavo (Câmara Municipal de Ílhavo):




Museu Municipal de Estremoz (Câmara Municipal de Estremoz):




Museu Municipal de Ferreira do Alentejo (Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo);

Museu do Convento dos Lóios (Câmara Municipal de Santa Maria da Feira);

Museu Municipal de Coimbra (Câmara Municipal de Coimbra).



Tutela de Assembleia Distrital


Museu Rainha D. Leonor / Museu Regional de Beja (Assembleia Distrital de Beja):





Tutela Privada (Empresarial)


Museu da Luz (EDIA, S.A. - Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, S.A.):



Museu da Carris (Companhia de Carris de Ferro de Lisboa, S.A.):


domingo, 9 de maio de 2010

Os museus e a visita do Papa

Para comemorar a vinda de Sua Eminência o Papa Bento XVI a Portugal, o Ministério da Cultura determinou por despacho que, no dia 11 de Maio de 2010, as entradas serão gratuitas nos museus e palácios da tutela do IMC, IGESPAR e Direcções Regionais da Cultura, mantendo-se os seus museus, palácios, monumentos e sítios abertos, também nos dias 13 e 14 de Maio. É de aproveitar esta oportunidade única para um outro tipo de peregrinagem... cultural.