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domingo, 17 de janeiro de 2010

Lisboa: Patrimónios

Lisboa é uma cidade de alto risco sísmico. No século XIV terá sofrido pelo menos 8 tremores de terra, 5 no século XVI, 3 no século XVII e 2 no século XVIII, um deles de proporções catastróficas. Todos nós nos habituámos ao pesadelo de uma possível repetição do terrível terramoto que destruiu Lisboa às 09h40 minutos da manhã de 1 de Novembro de 1755, Dia de Todos os Santos, e cujo violentíssimo abalo (de magnitude estimada de 8.75 na escala de Richter, com epicentro no mar, na falha Açores-Gibraltar), e efeitos do tsunami que se seguiu, foram sentidos no Norte da Europa, Norte de África e mesmo nas Américas.

Em termos patrimoniais, há relato de 85% dos edifícios em Lisboa terem ruído - entre eles, 55 palácios; 31 mosteiros, 15 conventos, 32 igrejas e 61 capelas; a Casa da Ópera, o Paço Real com as suas belíssimas tapeçarias, ourivesaria, baixelas, centenas de obras de arte e a Biblioteca Real, com a melhor, mais rica e diversificada colecção europeia em livros e manuscritos, e o Arquivo Real, com a sua preciosa documentação antiga e sobre a aventura marítima portuguesa; as livrarias (bibliotecas) dos conventos de S. Francisco, Trindade e Boa Hora. Apenas o Arquivo da Torre dos Tombo, graças ao empenho do seu guarda-mor Manuel da Maia, ficou a salvo.

Hoje em dia, a populosa Lisboa, com o seu subsolo fragilizado por múltiplas condutas de gás, electricidade, água, estacionamentos subterrâneos, túneis e metro, uma Baixa Pombalina envelhecida, construções demasiado elevadas, por toda a cidade, em betão e vidro (negligenciadas as regras de construção anti-sísmica), e equipamentos culturais de grande importância demasiado próximos do rio - monumentos, museus, jardins, universidades, Ministérios - se sucedesse semelhante tragédia, as perdas em vidas humanas e patrimoniais seriam incalculáveis.

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