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domingo, 29 de junho de 2025

O Epitáfio de Seikilos (Sícilo)

O registo da canção mais antiga completa que se conhece parece ser o "Epitáfio de Seikilos (Sícilo)", uma inscrição em Grego Antigo sobre pedra que preserva a mais antiga composição musical completa datada do I ou II séc. d.C.

Epitáfio de Sícilo*

A inscrição foi encontrada num pequeno pilar de mármore na antiga cidade grega de Tralles (atual Aydin, na Anatólia Ocidental, Turquia), em 1883 pelo engenheiro britânico Edward Purser, durante a construção de uma estrada. Nesse ano, o arqueólogo William Mitchell Ramsay publicou a descrição do epitáfio no Bulletin de Correspondance Hellénique

Entre 1883 e 1893 terá sido feita uma cópia das gravações pela técnica de frottage, publicada em 1894 pelo arqueólogo francês Théodore Reinach. E felizmente que assim foi, porque o engenheiro inglês, para que a mulher pudesse usar a coluna como pedestal para vasos de flores, mandou cortar a base do pilar para o estabilizar,  seccionando e destruindo a ultima linha, que sobreviveu apenas na cópia que tinha sido feita. Essa linha era uma dedicatória de Sícilo a Euterpes, musa grega da poesia e da música, ou talvez como filho de Euterpes, destacando as suas qualidades como poeta e músico.

Posteriormente, o pilar passou para a coleção privada do seu genro neerlandês De Jongh, que vivia em Buca. Foi o Cônsul neerlandês em Izmir que protegeu o pilar durante o incêndio de Esmirna de 1922, durante a Guerra Greco-Turca. Depois disso, o genro do Cônsul transportou-o para Haia, nos Países Baixos, onde permaneceu até 1966, quando foi adquirido pelo Departamento de Antiguidades do Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhaga, onde permanece em exposição até hoje.

O pilar contém dois poemas: um dístico elegíaco que interpela o transeunte como "imagem mandada ali colocar por Sícilo como monumento duradouro à imortal memória"; e uma canção curta com a notação musical vocal por cima das palavras. O poema musical poderá ser traduzido, à letra, por: "Enquanto viveres, brilha! | De modo algum andes triste! | Os vivos existem apenas por um pouco; | No final, o Tempo cobra o que lhe é devido."

Este não é o registo mais antigo de uma canção; as canções hurritas** e os hinos délficos são mais antigos, mas só sobreviveram até aos dias de hoje em fragmentos.

Vamos ouvir?

Versão grega:

Versão em português (do Brasil) de Guilherme Gontijo Flores:



NB:* Fotografia de Artem. G. 

NB:* *Antigo povo da Mesopotâmia que habitava o norte da atual Síria.

Fonte: Wikipédia

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