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sábado, 28 de junho de 2025

Património Cultural na Faixa de Gaza e Museus na Cisjordânia

Em novembro de 2023, um relatório da organização não governamental Heritage for Peace enumerava os mais de 100 edifícios e sítios patrimoniais danificados ou destruídos na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos de Israel, desde os ataques terroristas do Hamas do dia 7 de outubro desse ano. (V. notícia do jornal O Público).

Segundo os estudos feitos para esse relatório, "o número total de edifícios e sítios classificados era de 325, distribuídos pelas províncias da Faixa de Gaza (...)" sendo que a maior fatia do património cultural edificado na província de Gaza chegava aos 195 sítios (60% do património edificado na Faixa de Gaza). Na província de  Khan Younis havia 42 sítios, perfazendo 13% do total do património, na província do Norte havia 39 sítios (12%); a província Central contém 32 sítios (9.8%), e a província de Rafah tem 17 sítios (5%).

Vale a pena ler o relatório: Heritage for Peace/relatório sobre o património palestiniano 

Impõe-se a pergunta: hoje, o que resta?

Lembremos alguns dos museus da Palestina, situados em Ramallah, na Cisjordânia, que nos falam da história e memória das famílias, do território, de luta e resistência, de misericórdia, de poesia, do milagre da palavra divina e do milagre da vida sob todas as suas formas:

A Casa Museu de Dar Zahran:

A Casa Museu de Dar Zahran, em Ramallah, foi a casa da família Zahran Jaghab. Durante mais de 250 anos a casa foi da família mas também uma hospedaria para quem passava por Ramallah. O edifício é uma estrutura antiga, em pedra, no estilo tradicional palestiniano com dois andares e é de interesse histórico local. Encontra-se localizado em Ramallah al-Tahta (Ramallah, a vila velha).

A família Zahran em 1923.

A Casa Dar Zahran é um exemplo do património cultural palestiniano. Foi fundada pela família Zahran e é gerida para manter o testemunho histórico de Ramallah. O edifício tem uma galeria de arte e uma galeria de fotografias de pessoas e locais em Ramallah e na Palestina entre os anos de 1850 a 1979.

Cozinha com artefactos que remontam aos sécs. XVI e XVII.


Oferece também a possibilidade ao visitante de comprar souvenirs inspirados na cultura palestiniana, e aos fins de semana organiza uma pequena feira de preço justo onde se vende comida, cerâmica, bordados, jóias, livros e sabonetes palestinianos. 

V. mais em: ThisWeekInPalestine.com 

O Museu Mahmoud Darwish:

Museu Mahmoud Darwish

O Museu Mahmoud Darwish, em Ramallah, celebra a vida e obra do poeta e escritor palestiniano Mahmoud Darwish (13/03/1941, Al-Birweh, Palestina - 09/08/2008, Houston, Texas, USA). A sua obra, que evoca a dor do deslocamento com paradoxos subtis, foi traduzida em mais de 20 línguas e recebeu vários prémios internacionais. Na obra do poeta, além da angústia do exílio, a Palestina aparece como metáfora do "paraíso perdido", nascimento e ressurreição. 

O poeta nunca se esqueceu que ele e a sua família foram refugiados: ofereceu bolsas de estudo a jovens refugiados e livros para bibliotecas em campos de refugiados Foi o autor da Declaração de Independência da Palestina, escrita em 1988 e lida pelo líder palestino Iasser Arafat, embora mais tarde o poeta se tenha desligado da OLP. O aniversário do seu nascimento tornou-se o Dia Nacional da Palestina.


Museu de Yasser Arafat:

Museu Yasser Arafat

O Museu de Yasser Arafat situa-se no local do seu último combate, ligado ao seu gabinete principal e último quartel-general.  Com vista para o seu mausoléu temporário em Al-Muqata’a, apresenta o registo histórico da OLP - Organização para a Libertação da Palestina. 


É um museu da memória nacional contemporânea da Palestina. V. mais em: Museu Yasser Arafat

Museu Palestiniano:

Museu da Palestina em Birzeit, Cisjordânia.

O Museu Palestiniano em Birzeit, próxima de Ramallah e a 25 km ao norte de Jerusalém. É um projeto da Welfare Association, organização sem fins lucrativos para o desenvolvimento de projetos humanitários na Palestina. O seu objetivo é abordar a história, a sociedade, a arte e a cultura palestinianas desde o início do século XIX, procurando tornar-se um centro simbólico da diáspora internacional, que, em 2016, somava cerca de seis milhões de palestinianos ao redor do mundo.

Museu Palestiniano - vista dos jardins.

O museu foi definido como um local inovador para o desenvolvimento e comunicação de pesquisas, conhecimento e novas interpretações sobre a sociedade palestiniana, sua arte, história e cultura. Em maio de 2015, aderiu oficialmente ao Conselho Internacional de Museus

O museu ocupa uma área de quatro hectares, doados pela vizinha Universidade Birzeit e reúne áreas de exposição e pesquisa, um anfiteatro, área destinada aos programas educativos, um pequeno café e um jardim onde foram plantadas espécies originárias da região, como amendoeiras, damascos, romãs e amoreiras.  


O Parque Nacional de Qumran:

Sítio arqueológico do Parque Nacional de Qumran.

O Parque Nacional de Qumran é um sítio arqueológico localizado na Cisjordânia, a 1,6 km da margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó e a cerca de 22 quilómetros a leste de Jerusalém. É administrado pela Autoridade Israelita para a Natureza e Parques.

Qumran tornou-se célebre em 1947 com a descoberta de manuscritos antigos que ficaram conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto - cerca de 930 fragmentos de manuscritos hebraicos, aramaicos e gregos, encontrados em onze cavernas, datando de 250 a.C. ao século I d.C. Os manuscritos teriam sido transcritos pelos antigos Essénios, uma seita referida pelos historiadores Filon e Flávio Josefo, que se tinha afastado do judaísmo tradicional por motivos desconhecidos, e que se extinguiu em 68. d.C. 

O Museu do Bom Samaritano:

A Pousada Museu do Bom Samaritano.

O Museu do Bom Samaritano é um parque nacional, museu, sítio arqueológico e antiga pousada administrado pela Autoridade Israelita para a Natureza e Parques localizada perto de Ma'ale Adumim, a meio caminho entre Jerusalém e Jericó, numa elevação de 298 m acima do nível do mar Morto.

A pousada alberga um museu com mosaicos antigos e outros achados arqueológicos, na maioria dos séculos IV a VII d.C. (período bizantino), que foram recolhidos de igrejas, de sinagogas judaicas e samaritanas na Cisjordânia, e da antiga sinagoga de Gaza. Uma das alas do museu é dedicada à história, cultura e costumes da Comunidade Samaritana.


Museu de História Natural da Palestina:

Museu de História Natural da Palestina.

O Museu de História Natural da Palestina do Instituto para a Biodiversidade e Sustentabilidade da Palestina da Universidade de Belém é uma instituição científica com coleções de história natural que incluem registos atuais e antigos de animais, plantas e fungos; registos de ecossistemas; registos geológicos, paleontológicos, climatológicos, entre outros. 


Museu Al Bad para a Produção do Azeite:

Museu Al Bad para a Produção do Azeite em Belém.

O Museu Al Bad para a Produção do Azeite, também conhecido como Museu Badd Giacaman, situa-se no centro da cidade de Belém num edifício tradicional de pedra que data dos séculos XIX-XX.

O museu alberga uma coleção de artefactos arqueológicos e etnológicos relacionados com o processo de produção de azeite. As exposições mostram o uso do azeite para lamparinas, medicina, comida, sabonetes e cosméticos, entre outras possibilidades.

V. mais em: Museu Al Bad  

Fontes das imagens: O crédito das imagens pertence aos museus a que cada uma se refere.

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